segunda-feira, 29 de abril de 2013

Família contemporânea transforma as relações com a escola

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A imagem de uma sala de aula com carteiras alinhadas, alunos sentados, contidos, olhando para a frente, onde um professor repassa conteúdos a serem memorizados, pode ser vista em fotografias, mas já se sabe que as experiências que insistem nesse modelo estão com os dias contados.

Reconfiguração da escola vem alterando as imagens que tínhamos da educação.
Além da escola,  nos últimos anos, as famílias também viveram grandes mudanças. Casais separados, menos hierarquia e maior afetividade entre pais e filhos – a despeito das longas horas de trabalho e afastamento – vêm reconfigurando a estrutura social vigente durante décadas.

Novas estruturas familiares mudaram as relações entre pais e filhos vigente durante décadas.
Nesse novo cenário, como garantir uma relação harmônica e participativa entre os dois atores fundamentais no desenvolvimento de uma criança?
Para a psicóloga, especializada em crianças e adolescentes, Julia Borbolla, é preciso definir territórios e responsabilidades. “A escola hoje em dia ficou responsável por ensinar valores que a sociedade não ensina, o que é muito arriscado e, obviamente, impossível.”
Ela afirma ser comum pais adotarem uma postura de “clientes” e atuarem como se os educadores fossem seus substitutos. “Precisamos evitar o ‘suprir’ e ‘compensar’, passando para zonas mais seguras, como o ‘compartilhar’ e ‘colaborar’”, afirmou durante o “Congresso Visão XXUNO: O desafio de construir a escola”, que o Portal Aprendiz acompanha em Orlando, Estados Unidos.

Arnaldo Esté defende a pedagogia da problematização.
 Outra medida, de acordo com Borbolla, seria recuperar o reconhecimento social do professor, construindo a imagem de uma figura confiável entre as famílias. Os pais, por sua vez, “deveriam permitir que as crianças tivessem problemas, porque é isso o que vai levá-los ao crescimento”, acrescenta.
No contexto escolar, a simples menção à palavra problema chega a causar arrepios em pais e educadores.  A concepção de educação como problematização, trazida ao longo de todo o congresso pelo educador venezuelano, Arnaldo Esté, propõe que tanto pais quanto educadores assumam que os problemas fazem parte do processo educativo.
“A pedagogia da problematização é essencial para que os alunos busquem soluções e possam se desenvolver. Professores e alunos deveriam saborear a complexidade da vida em vez de simplificá-la”, analisa o pesquisador.
Partindo dessa ideia, Borbolla pede que os pais depositem um voto de confiança na escola, “afinal ela é o melhor lugar para que seus filhos tenham problemas e aprendam a resolvê-los”.
Experiências

Julia Borbolla é psicóloga infantil.
Na Argentina, o Colégio Dante Alighieri tem experimentado um formato de participação dos pais com resultados positivos e que foge das “armadilhas” descritas por Borbolla. A direção da escola propôs a criação de um grupo que pudesse representar a vontade das famílias em instâncias decisivas da instituição.
“Hoje esse grupo é aberto a qualquer pai e mãe e temos cerca de 30 que participam ativamente das discussões com o corpo diretivo. Comprovamos que o envolvimento dos pais modifica o projeto pedagógico e faz com que eles se apropriem e possam defendê-lo depois”, ressalta Luci Dapian, representante da escola.
No Brasil, a experiência da escola religiosa El Shaday, localizada em São Bernardo do Campo (SP), fornece um exemplo de como a definição clara dos princípios formativos e pedagógicos pode facilitar a relação com as famílias. “Estabelecemos uma aliança com os pais a partir de valores que compõem o projeto que a instituição oferece, há um acordo mínimo estabelecido”, relata o diretor Jair Gomes.
A repórter Raiana Ribeiro viajou aos Estados Unidos a convite do Sistema Uno Internacional (UNOi).

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