sábado, 31 de dezembro de 2011

QUE 2012 VENHA COBERTO DE BÊNÇÃOS!

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QUE 2012 VENHA COBERTO DE BÊNÇÃOS!:

Recados para Orkut



EM 2012, CONTINUAREMOS JUNTOS, VIVENDO EMOÇÕES E CONQUISTANDO VITÓRIAS!

Viviane Senna: “A gente trouxe a larga escala para o 3º setor"

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Viviane Senna: “A gente trouxe a larga escala para o 3º setor":

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo

Há 17 anos à frente do instituto que leva o nome do irmão, terapeuta diz que melhora na educação é pequena perto da necessidade

A voz pausada e tranquila, típica da terapeuta que é, contrasta com as palavras duras e urgentes que Viviane Senna usa para falar da área em que atua há 17 anos. A educação no Brasil é para ela o principal motivo de indignação desde março de 1994, quando o irmão, o piloto Ayrton Senna, a procurou dois meses antes do acidente fatal e pediu que pensasse em uma forma de ajudar o País.



Ela não conhecia a rotina escolar, mas partiu de um levantamento do que era mais necessário e concluiu que devia concentrar esforços na educação de jovens e crianças. “Infelizmente não deu tempo de eu responder ao Ayrton, mas a família resolveu levar a ideia adiante.” Em novembro do mesmo ano nasceu o Instituto Ayrton Senna.


Veja também: Retrospectiva 2011 - O ano do poder das mulheres


Há 17 anos na presidência da organização, Viviane não é modesta ao enumerar as conquistas. “A gente trouxe para o terceiro setor a visão de larga escala, que não existia até então”, diz, ao mesmo tempo em que mantém a aflição de quem tem um grande problema a superar. “Ainda é um quadro muito grave.”


Leia a seguir depoimento ao iG sobre os principais pontos de sua carreira e da visão que tem sobre a preponderância de mulheres a frente das instituições em prol da educação:


História pessoal


Na verdade eu sou terapeuta, sou psicóloga. Trabalhei durante quase 20 anos na área. Quando o Ayrton veio conversar comigo sobre fazer alguma coisa para ajudar foi por causa disso, da minha experiência no campo de ajuda. Ele me disse para pensar e planejar alguma coisa para ser feito. Infelizmente não deu tempo, ele sofreu o acidente dois meses depois. Então, a gente como família decidiu levar adiante essa ideia e eu fui estudar o que seria mais importante e estratégico para o País. Continuei com consultório durante mais dois anos, pretendia conciliar, mas depois abri mão porque eram dois níveis de exigência muito altos. Os pacientes eu podia encaminhar, o instituto, não.


Criação do Instituto


A primeira coisa foi a definição do público: criança e jovem. Por mais que todos importem e tenha muito o que fazer em qualquer faixa de idade, esta é a mais importante porque o investimento rende para toda a vida. Vai trazer frutos para o Brasil ao longo de 50, 70 anos. A segunda foi o que fazer para esta faixa etária e foi escolhido educação, de novo porque é a escolha mais estratégica frente a todas as outras. O retorno é superior ao de saúde, infraestrutura, habitação ou qualquer outra área. Por isso, mesmo tendo origem na área da saúde, o que me guiou foi o que era melhor para o País. Hoje atendemos 2 milhões de crianças por ano em parceria com o sistema público, estamos em todos os Estados e em um quinto dos municípios brasileiros.


Maior contribuição


Vir de outra área é bastante benéfico porque você traz uma experiência e uma visão não viciada. A gente trouxe para o terceiro setor uma visão de larga escala que não existia. Você ia lá criava uma ONG, atendia 300, 500 crianças, coisas que são bastante pontuais e que têm muito mérito, porém do ponto de vista do desafio que o País tem, não dão conta. O problema em relação à infância e à juventude é genérico. Quem não está incluído não é meia dúzia, são os 99,9%. Não adianta vir com estratégia de varejo para enfrentar problema de atacado, não fecha a conta. Logo que começamos, a gente apoiava uma ONG aqui, outra lá e comecei a ficar muito aflita. As pessoas achavam que era um problema do governo ou de Deus e que fazer uma parte já estava bom. Era como criar um monte de ilhas no meio do mar.


Precisava de um alcance maior. Descobri que a melhor maneira de trabalhar em larga escala sem ser governo era usando um modelo que eu vi na psicologia. Freud e Young eram terapeutas famosos que atenderam durante suas vidas, 10, 20, 30 dúzias de pacientes, mas eles criaram um modelo, uma escola de pensamento que, esta sim, é capaz de atender milhões, no mundo inteiro. Para pegar ainda outro exemplo na área da saúde, você tem um vírus que está atacando a população, pode tratar uma pessoa ou criar uma vacina que pode distribuir em qualquer lugar do mundo. Esse tipo de estratégia era a saída. Foi assim que transformei o instituto em um laboratório ou centro gerador de conhecimento capaz de desenvolver metodologias e fórmulas que são capazes de ter altíssima eficiência em larga escala.


Educação atualmente


Existe uma melhora na questão da desigualdade por conta dos quase 40 milhões de pessoas saindo da classe D e E e indo para a Classe C, mas ainda é um quadro muito grave. Porque como ele era muito, muito sério, a despeito de ter melhorado, nós ainda somos o mais desigual dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A Educação nunca foi priorizada durante os 500 anos de história, fomos um dos últimos países a abolir a escravidão e também a instalar um sistemas de educação massivos, que veio só há 20 anos. A gente começou a compreender agora que há muito a fazer pela formação das crianças. De cada 10 que saem do ensino médio, só 2 sabem português direito e 1, matemática. Falta muito.


Mulheres e instituições ligadas à educação


Historicamente educação é um campo que tem uma presença feminina muito grande, então certamente a educação acaba tendo a ver com a mulher porque a gente tem uma preponderância maior. Mas não acho que seja algo exclusivo ou deva ser. Acho que a mulher tem um perfil natural, pelo lado materno, de propensão a desenvolver um ser. É natural que isso acabe levando ela às profissões que envolvam este tipo de vínculo, em prol do desenvolvimento do outro, mas pode ser em educação, saúde ou outra área. Tenho três filhos, de 32, 28 e 25 anos. Eles acompanham e ajudam a fundação, mas acho que meu lado profissional foi a base que direcionou minha carreira para educação e não o fato de ser mulher.

Priscila Cruz: “Temos que dar a devida urgência à Educação”

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Muito legal!!
Priscila Cruz: “Temos que dar a devida urgência à Educação”:

Marina Morena Costa, iG São Paulo

À frente do Todos pela Educação, administradora articula para que melhorias no sistema de ensino aconteçam mais rápido

Aos 25 anos, Priscila Cruz tinha a vida profissional praticamente traçada. Formada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), trabalhava em uma das maiores empresas de consultoria estratégica do mundo. Com uma boa remuneração, seu próximo passo seria assumir um cargo de direção no escritório de Nova York. Mas algo a incomodava.





 


Ao receber o convite para trabalhar no Comitê do Ano Internacional do Voluntário no Brasil, em 2011, pediu uma licença de seis meses do emprego para viver uma experiência no terceiro setor. O trabalho ao lado de Milú Villela – presidenta do Museu de Arte Moderna (MAM), acionista do banco Itaú e mãe de um colega de faculdade – recebeu destaque na Organização das Nações Unidas (ONU). E a vontade de trabalhar em algo que acreditasse falou mais alto.


Veja também: Retrospectiva 2011, o ano do poder das mulheres


No ano seguinte, foi uma das criadoras do Instituto Faça Parte, ONG que incentiva projetos de voluntariado desenvolvidos por estudantes e conectados com proposta pedagógica. Mas ainda havia um ponto que a incomodava: o buraco era bem mais embaixo. Projetos de alunos de 14 anos chegavam ininteligíveis. “O que adianta ter um superdesenvolvimento social e emocional, se você não sabe se expressar na sua língua?”


Da vontade de impactar diretamente na melhoria da qualidade da educação, nasceu em 2005 o Todos pela Educação, movimento da sociedade civil que Priscila dirige desde então. Ela define o Todos como um “óleo nas engrenagens”, um articulador, que procura diminuir as tensões entre os agentes da educação – sindicatos, pesquisadores, acadêmicos e os poderes executivo, judiciário e legislativo – para que as peças girem de forma mais suave e mais rápida.


E é de rapidez e prioridade que carece a educação, na avaliação de Priscila. “Precisamos dar urgência à Educação. As crianças que estão hoje na escola não vão ficar lá para sempre. Cada ano de espera é um ano perdido.”


Aos 37 anos, mãe de duas meninas, uma com 1 ano e 9 meses e outra de 3 anos, ela gostaria de colocá-las em uma escola pública de qualidade. Mas acredita que o foco do País deve ser dar mais para quem tem menos. Sobre o trabalho que desenvolve e as angústias em relação à educação no Brasil, Priscilla conversou com o iG na sede da organização. Leia trechos do depoimento:


Mudança de planos

Em 2001, o terceiro setor não era organizado como é hoje. Era uma loucura uma menina que fez FGV e São Francisco ir trabalhar com isso. Reduzi meu salário, mudei a perspectiva da minha carreira, porque decidi trabalhar com o que eu gosto, numa época que ninguém fazia isso.


Terceiro setor

Costumo dizer que trabalhamos mais do que em empresa. A equipe tem que ser muito enxuta, porque todo o financiamento que recebemos tem que ser colocado o máximo no projeto final e o mínimo na estrutura fixa. Somos em nove pessoas e acabamos trabalhando mais, porém muito mais feliz. A gente sabe que algumas crianças vão aprender mais, por causa do que estamos fazendo aqui.


Todos pela Educação

O Todos tem cinco metas e cinco bandeiras*. Para que elas sejam atingidas e melhor implementadas, dependemos dos Estados, municípios e da União. Sinto que as pessoas concordam com a importância desses objetivos, mas que ninguém mergulha e vai até as últimas consequências para implantá-los de forma obcecada. Então o Todos atua como um óleo nas engrenagens. A gente faz com que as entidades nos usem para estreitar relações umas com as outras e fazer com que a engrenagem gire de forma mais suave e mais rápida. Somos neutros, porque defendemos o aluno e só ele. Para nós o que importa é que ele aprenda, passe de ano, conclua o ensino médio e entre na faculdade.


Currículo nacional

Temos a necessidade urgente de ter um currículo nacional. É muito injusto ter o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e estabelecer metas para todas as redes e escolas sem dizer o que elas têm que fazer para melhorar. Metade do Ideb é a Prova Brasil e essa avaliação é uma caixa preta. Se eu não souber que aprendizagem é essa, fica tudo no discurso e não cai no concreto. E a educação acontece no concreto, na sala de aula, na relação do professor com o aluno.


Formação e valorização do professor

As faculdades de formação de professores ficam muito nas teorias. O professor sai da faculdade sem ter ideia do que é uma sala de aula e sem ter técnica. Nos países que estão no topo do Pisa (Programa de Avaliação Internacional de Estudantes), a prática, a didática, o como dar aula é tão valorizado quanto a teoria, a sociologia da educação. Há uma resistência muito grande da academia em mudar os currículos.


A tarefa de ensinar é muito complexa. Por isso a profissão do professor deveria ser das mais valorizadas e a preparação para ela deveria ser muito mais rigorosa e técnica. Não é uma questão de amor. Fazer 30 alunos com perfis diferentes e com históricos familiares diversos aprenderem é difícil. Nenhum médico sai da faculdade e já vai fazer uma cirurgia no coração. Já o professor cai de paraquedas na sala de aula.


Trabalho x filhos

Tenho duas filhas, a Mariana, de 1 ano e 9 meses, e Maria Fernanda, de 3 anos. O bom é que a maternidade disciplina. Quando você não tem filhos, parece que o céu é o limite. Já sai daqui várias vezes às 22h, 23h. Mas agora eu me disciplino para às 19h me ‘pirulitar’ e chegar em casa a tempo de encontrá-las acordadas. Gosto de colocá-las na cama, contar historinha e elas dormem por volta das 21h. Nós mulheres somos super agilizadas, queremos dar conta de tudo, achamos que somos supermulheres e na verdade não somos.


A urgência da Educação

Quando a gente vê uma criança ferida, não ficamos pensando “ai, coitadinha”. A gente pega e leva direto ao hospital. Com a educação não damos essa urgência. A gente fica no debate, discute-se muito, passam-se os anos e nada. A gente está com o PNE um ano inteiro no Congresso, sem o direcionamento para as políticas públicas dos próximos 10, não sabemos quando vai ser aprovado e ninguém está desesperado. Temos que assumir compromissos. Por isso defendemos a criação de uma lei de responsabilidade educacional. Se os resultados não são alcançados, ninguém é punido. O único punido no Brasil é o aluno.


* Metas e bandeiras do Todos pela Educação


Meta 1: Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola

Meta 2: Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos

Meta 3: Todo aluno com aprendizado adequado à sua série

Meta 4: Todo jovem com Ensino Médio concluído até os 19 anos

Meta 5: Investimento em Educação ampliado e bem gerido


Bandeira 1: Formação e carreira do professor

Bandeira 2: Definição das expectativas de aprendizagem

Bandeira 3: Uso relevante das avaliações externas na gestão educacional

Bandeira 4: Aperfeiçoamento da gestão e da governança da Educação

Bandeira 5: Ampliação da exposição dos alunos à aprendizagem

Para Wanda Engel, o diferencial feminino é o “poder de síntese”

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Para Wanda Engel, o diferencial feminino é o “poder de síntese”:

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo

Superintendente do Instituto Unibanco diz que papéis múltiplos da mulher ajudam a lidar com situações complexas

A lista de cargos e conquistas de Wanda Engel é muito mais longa do que deixa transparecer a postura de educadora que mantém. Foi secretária, ministra, representante do Brasil em reuniões da Organização das Nações Unidas, funcionária do Banco Interamericano de Desenvolvimento e implementou políticas públicas que lhe renderam uma dezena de títulos em diferentes Estados e cidades do País.



Atualmente é superintendente-executiva do Instituto Unibanco e se prepara para assumir um papel no Conselho Internacional de Liderança Feminina, a convite da secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Fez isso tudo nos últimas 20 anos, junto com o doutorado na França e a criação de três filhos. Antes, acumulou duas décadas de experiência em sala de aula, do ensino fundamental ao superior e fundou uma ONG experimental.


Veja também: Retrospectiva 2011 - O ano do poder das mulheres


A receita? “Poder de síntese”, diz ela. “A mulher quando chega a um ponto, vem com uma experiência de vida que dá capacidade de lidar com a complexidade, de equacionar e de chegar ao simples e realizar.”



Em depoimento ao iG, ela diz que sua carreira foi decidida aos 11 anos, conta como houve tempos muito difíceis e atribui seu sucesso à educação. Veja os principais pontos:


Da sala de aula para o gabinete


Fui professora de primário, ensino médio e universidade sempre na rede pública do Rio de Janeiro. Chegou um momento da minha vida em que fui quase instada a desenvolver alguma coisa fora do governo e aí criei uma ONG no Rio, chamava Roda Viva e era voltada para a questão do jovem em situação de vulnerabilidade: o menino de rua. Essa experiência acabou me levando para o grupo que formulou o Estatuto da Criança e do Adolescente e fiz parte do primeiro Conanda (Conselho Nacional em Defesa da Criança e do Adolescente). Foi quando houve a Chacina da Candelária (1993) e os governos estadual e municipal do Rio foram condenados a ter políticas públicas para essa população. Então o prefeito (Cesar Maia), no qual eu não tinha sequer votado, me convidou para ser a secretária de desenvolvimento social da cidade.


Tive que pensar em uma política que não fosse só uma colcha de retalhos de programas como na ONG, mas que tivesse metas, proposta de cobertura e de integração. Foi marcante. Fiquei cinco anos neste cargo e tinha uma ação muito conjunta com a dona Ruth (Cardoso, então primeira dama). Possivelmente por influência dela, o presidente (Fernando Henrique Cardoso) me convidou para ser ministra de Assistência Social. Na prefeitura me sentia responsável por toda a população de rua. Eu olhava um menino e falava: ah, este é minha responsabilidade. Mas o governo federal me deu a possibilidade de pensar uma política pública nacional. Foi a época em que estava começando a ser implantada a lei orgânica social, um desafio muito maior.


Conjugação dos papéis


Quando veio a ideia de lançar a ONG foi preciso só poder de convencimento. Inicialmente, eu não pagava salário para ninguém. Eu tinha 40 anos e conjugava isso com as aulas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Tudo funcionava lá, muitos alunos eram voluntários. Tudo isso com três filhos pequenos. O menor tinha 10 anos, quando comecei. O mestrado também fiz pouco antes, quando o caçula tinha 7 anos. Então, administrar trabalho, progressão acadêmica e família faz parte.


A mulher, quando chega a um ponto na sua carreira, ela vem com experiência da vida. Muita gente me pergunta, como é que você consegue fazer tudo isso? Eu, de brincadeira, respondo: poder de síntese. São coisas que este perfil multifacetado da mulher te dá. A mulher tem que ser a melhor mãe, melhor mulher, melhor amante, melhor profissional, melhor cidadã, melhor tudo ou pelo menos atuar em todas estas linhas. Isso vai dando uma capacidade de lidar com a complexidade, de tentar equacionar, de chegar ao simples e realizar.


Mulheres na educação


Definiu-se a minha carreira como professora quando eu tinha 11 anos. À época a possibilidade de uma família pobre colocar uma filha em uma boa escola se chamava Instituto de Educação, que era um curso de formação de professores que você entrava com essa idade. De lá a maioria ia para ciências humanas porque toda a formação acabava desenvolvendo esta área. Não saíam dali grandes matemáticas, mas grandes humanistas. E assim era em outros Estados também. A minha geração vem dessa formação em que a carreira do Magistério era a mais desejada: ganhava-se bem, você acabava o curso já empregada e era para as melhores, porque para entrar você fazia uma prova que tinha 6 mil candidatos para 90 vagas. Também possibilitava um pouco mais a conjugação de mãe e profissional porque tinha férias duas vezes por ano. Hoje, nas fundações você tem pessoas de outras origens, principalmente entre os mais jovens.


O foco no ensino médio


Antigamente, o trabalho social era na base da filantropia. Até as empresas que trabalhavam não queriam nem divulgar. Depois, na década de 80, a ideia era a do direito civil, social, etc. e da cidadania com direitos e responsabilidades. A evolução disso é a ideia do investimento social como um dos tripés da sustentabilidade. Você tem que produzir porque o País precisa se desenvolver economicamente, esta produção não pode acabar com o meio ambiente para garantir recursos futuros e você tem que pensar nas questões sociais para ter uma sociedade neste futuro. Se não aumentar a coesão social, não tem sociedade para ninguém.


Uma vez decidido investir no social você tem que pensar no investimento com retorno. Não o de curto prazo, de quem forma o profissional para ele trabalhar na empresa, mas a formação para haver sociedade. Para isso, tenho que buscar os pontos mais nevrálgicos, por isso que a gente escolheu o ensino médio. É ali que mora o problema. Este é o ponto básico para inserção das novas gerações e, se não inserirmos, estamos todos ferrados. Depois, a gente escolheu o desafio de conceber algo, experimentar e transferir para o Estado fazer. A gente testa por três anos e diz para o governo: isso funciona. É experimentar algo e passar para quem é o responsável pelo problema, o Estado.


Vida pessoal


Eu perdi um filho, o menor morreu aos 30 anos de um ataque do coração. A mais velha hoje tem 41 anos e a do meio, 40. Ele estaria com 37 anos. Tenho cinco netos. Minha família teve ascensão social devido à educação. Nem meu pai, nem minha mãe estudaram, foram só até a 4ª série, o que era normal na época. Meu pai, como era alemão, fazia assistência técnica para empresas que usavam máquinas importadas e tínhamos um padrão de classe média baixa: a gente morava de aluguel, mas as coisas iam razoavelmente bem. Aí ele teve diabetes e tuberculose e parou de trabalhar. Ficou com pensão de um salário mínimo, para o sustento de uma família de quatro: eu, minha mãe, minha irmã e ele, o que dava em pobreza absoluta.


Minha mãe foi procurar emprego. Devido à escolaridade, foi atendente de escola. Fez supletivo de todos os graus, chegou a terminar o ensino médio e teve uma progressão na vida, foi chefe de serviço. Quando eu e minha irmã nos formamos, a coisa melhorou. Meu marido também era filho de imigrantes libaneses e a gente começou sem nenhuma herança, para não dizer dívidas. Ou seja, minha alavanca de ascensão social foi a educação. Hoje estamos bem. A educação serviu pra mim e eu quero que sirva para um número maior de pessoas.

 

Cultura passada de pai para filho é responsável por analfabetismo

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Cultura passada de pai para filho é responsável por analfabetismo:

Priscilla Borges, iG Brasília

Estudo da USP dá vida a estatísticas oficiais: maioria dos analfabetos é idosa e cresceu no campo. Os filhos, porém, estudam

Hildo Moreira conhece as letras, mas tem muita dificuldade em compreender quando elas se tornam palavras. Apesar dos 46 anos de vida, até hoje a escola não foi um lugar em que se sentisse à vontade e conseguisse mantê-lo firme no propósito de aprender. Hildo lembra-se de ter completado apenas a 1 ª série do ensino fundamental, justamente a que as crianças começam a ler e a escrever.



Aos 46 anos, Hildo reconhece a placa do ônibus que o leva para casa, mas não consegue ler o jornal

Aos 46 anos, Hildo reconhece a placa do ônibus que o leva para casa, mas não consegue ler o jornal

Foto: Fellipe Brayan Sampaio

Desde então, as tentativas de continuar os estudos fracassaram. Por diferentes motivos. A falta de estímulo para estudar se misturaram ao desinteresse, à prioridade dada ao trabalho, à ausência de informações sobre os colégios. Hildo faz parte de uma triste estatística: a do analfabetismo. Os dados do Censo de 2010 (os mais recentes disponíveis) mostram que 9,6% da população brasileira – um total de 13,9 milhões de brasileiros com mais de 15 anos – não sabem ler ou escrever.



Um estudo realizado recentemente na Universidade de São Paulo (USP) dá vida aos números apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como o perfil da maioria dos analfabetos do País. Ele mostra que a história de exclusão educacional dessas pessoas ainda na infância está ligada ao lugar onde a maioria morava: o campo. Não só o acesso às escolas dificultou a alfabetização, como também a cultura passada de pai para filho.



Vanessa Pupo, que realizou a pesquisa com 483 adultos matriculados em turmas de alfabetização de adultos na cidade de Piracicaba, conta que 70% deles cresceram em áreas rurais. Os pais deles também deixaram de ser alfabetizados. De acordo com os entrevistados pela pesquisadora, o trabalho na roça era visto como mais importante que o estudo. Por isso, o abandono escolar fazia parte da rotina das pessoas.



A vida posterior na cidade, no entanto, os impediu de reproduzir o pensamento dos pais: os filhos dos entrevistados não fazem parte das estatísticas do analfabetismo. “O estudo mostrou que as exigências do mundo do trabalho nas cidades fizeram com que eles passassem a valorizar a educação e a vissem como ferramenta de mobilidade social. Por isso, eles colocaram os filhos na escola e muitos ainda tentam estudar”, afirma Vanessa.



Os relatos dos estudantes adultos entrevistados por Vanessa podem ser a explicação para outro fenômeno registrado pelas estatísticas oficiais: a redução do analfabetismo entre jovens. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2010 mostram que, nos últimos 10 anos, a taxa de analfabetismo entre jovens com 15 a 24 anos recuou de 10,1% para 4,6%. A grande maioria (92,6%) dos analfabetos brasileiros tem mais de 25 anos.



Entre os idosos (com 60 anos ou mais), o movimento foi inverso. A quantidade de analfabetos cresceu. Em 1999, 34,4% da população desse grupo não sabiam ler nem escrever e, dez anos depois, chegou a 42,6%. Os dados também revelam que 40,7% da população rural é analfabeta funcional – não consegue compreender o que lê. Na área urbana, a porcentagem é de 16,7%.



Difícil recomeço

Os adultos entrevistados por Vanessa tentavam voltar à escola, tarefa que não é fácil. Quem faz essa opção aponta o desejo de um emprego melhor, de poder ajudar os filhos na escola ou de “deixar de ser cego” na sociedade como motivadores. Dentro das salas de aulas, eles precisam enfrentar métodos ainda distantes da própria realidade e infantilizados, como destaca Vanessa.



“O processo de alfabetização de adultos precisa ser diferente. Eles têm conhecimentos que não adquiriram por meio da escola e, por isso, não são valorizados. Mas essas experiências de vida precisam ser consideradas e servir como motivadores”, opina a pedagoga.



Hildo conhece bem todas essas dificuldades. Ele não morou em fazendas como os pais, mas foi criado por pais analfabetos, que não se importaram quando ele deixou a escola. Há 25 anos, ele vigia carros em um mesmo estacionamento no centro da capital federal. Algumas vezes, Hildo conta que tentou se livrar do cansaço e tentar estudar. Mas acabou desistindo novamente.



“Eu quero voltar para a escola. Se eu tivesse filho, não ia deixar ele parar não. A escola fez falta para eu conseguir um emprego melhor, mas eu também tenho vontade de pegar um jornal para ler”, conta. Hildo mora longe de onde trabalha. Depois de perguntar uma vez, conseguiu “aprender” a ler a placa do ônibus que o leva de volta para casa, na cidade-satélite de Taguatinga, no Distrito Federal.



Para Vanessa, traçar o perfil dos analfabetos é fundamental para a definição de políticas públicas. Mas faltam dados nesse sentido. “Não encontrei nada sobre o perfil desses estudantes na Secretaria Municipal de Educação de Piracicaba, por exemplo. Para sanarmos essa dívida histórica com as pessoas excluídas da educação, precisamos conhecê-las”, afirma.

FELIZ 2012

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FELIZ 2012:

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,  a que se deu o nome de ano, foi um individuo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. 
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Ai entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,com outro número e outra vontade de acreditar 
que daqui pra frente vai ser diferente."
 (Carlos Drummond de Andrade)